sexta-feira, 5 de abril de 2013

Manifesto dos Serventes Provedores (limpeza) de São Caetano do Sul



Fotos: Greve das terceirizadas da limpeza da USP em 2009 (acima prédio FFLCH, abaixo assembléia lotada)

São Caetano do Sul, 02 de abril de 2013
Ao Excelentíssimo Senhor Prefeito Paulo Pinheiro
Nós, serventes provedores, manifestamos através dessa carta a demanda emergencial de redução de carga horária das atuais 44 h/s para 33h/s, assim como os auxiliares de limpeza da rede, que na prática exercem atribuições similares.
Inclusive deve-se dar destaque à condição precária em que a definição da categoria se encontra no Regimento Interno do Município, acumulando em um único cargo duas atribuições de naturezas diferentes (auxiliar de limpeza, porteiro, entre outras atribuições adicionais).
Além disso, esta extenuante carga horária está provocando diversos prejuízos à saúde física e psíquica do trabalhador, como por exemplo: complicações na coluna, estresses, etc... além dos riscos inerentes à função como: alergias, tendinites, dermatites, etc (cabendo inclusive adicional de insalubridade, como já é indenizado aos companheiros de categoria das cidades vizinhas).
Essas condições dividem e expõem os trabalhadores de uma mesma categoria (levando em consideração o caráter prático das atribuições) a uma situação vexatória e de humilhação, já que parte desses trabalhadores atuam 33 h/s e outra parte 44 h/s. Isso significa que nossa hora trabalhada é evidentemente desvalorizada perante aos outros colegas de trabalho; vale lembrar que a Secretaria de Educação vivenciou recentemente situação idêntica (API e Merendeiras) e apresentou jurisprudência favorável à categoria, consolidando assim a redução (Lei nº 5101 - 31/10/2013)
Sendo assim as bandeiras desse movimento são:
-Redução da carga horária para 33 h/s;
-Alteração do nome da categoria para uma nomenclatura que seja reconhecida oficialmente (auxiliar de limpeza);
-Adicional de Insalubridade
Assinam esse documento os Serventes Provedores do município de São Caetano do Sul.

domingo, 16 de outubro de 2011

Paga eu, Auricchio!


  Os trabalhadores da Secretaria de Educação de São Caetano do Sul convivem a anos com a manobra salarial do ABONO. A prefeitura se esquiva a tempos de assumir os R$200,00 enquanto direito adquirido dos trabalhadores, e continuam votando o valor como uma vantagem adicional ao salário, paga por fora do holerite, com a periodicidade de uma lotação em dias de chuva!
  Religiosamente, os funcionários públicos (concursados ou contratados) consultam seus extratos bancários na imprevisível esperança de pagamento do valor votado e aprovado em abril. Ninguém sabe de prazos, ninguém se responsabiliza e assim se segue... um mês a prefeitura paga, dois não, em datas regidas pela numerologia dos astros ou, mais provavelmente, pela sorte do Prefeito José Auricchio.
  Descaso completo!
  O dissídio de 13% que estampou vistosamente as capas dos principais jornais da região dispersam a atenção de diversos ataques que o clientelismo dessa província, intitulada cidade modelo, investem contra o operariado público. Pisos salariais que escondem que o verdadeiro aumento pouco influenciou o salário de fato, o qual se trata basicamente de uma revisão de valores no vale-transporte e cesta-básica (os quais estavam ainda mais obsoletos). Aliás, vantagens essas que também são um belo e reluzente ouro de tolos: o salário considerado "razoável" (nivelando-se por baixo, pensando nos salários hoje ofertados pelos municípios aos servidores públicos) não deixa claro que a o verdadeiro salário beira aos 800 reais e que o restante da remuneração se dá pelo vale-transporte e cesta-básica, fazendo inclusive que centenas de concursados e contratados abandone sua vaga pouquíssimos dias após sua posse ao se surpreender em ver que àquele valor não se soma benefícios, e sim que nele estão incluídos todos os vencimentos.
  Veja, e ainda nem entramos no mérito da carga horária dos atuais concursados. E para ilustrarmos mais fielmente essa conjuntura faz-se necessária aqui a reflexão sobre o caso, especificamente, das Auxiliares de Primeira Infância, conhecidas como A.P.I.s. Estas são fundamentais aliadas dos professores dentro da sala de aula na educação infantil. Somente com a presença destas, as quais em milhares de vezes assumem compulsoriamente atribuições de professor sem nem se quer contar com um diploma de pedagogas, seria impossível ostentar todos os índices e pesquisas de avanços na dita "educação de qualidade", apresentadas   a cada campanha eleitoral e fundamental legitimadora do trono "CIDADE MODELO".
  Estas profissionais entram na rede municipal através de concursos ou contratos administrativos celebrados com a prefeitura, a escolaridade exigida é a de Ensino Médio, mais os conhecimentos reproduzidos pelas mesmas dentro da sala de aula vão além do superior, e não, não se enganem, elas não recebem um real a mais por isso, trata-se de mera filantropia das "valorosas colaboradoras" da rede.
  Na ausência dos professores em sala de aula, as mesmas fazem as vezes de educadora. Raramente, pra não dizer quase nunca, providencia-se uma professora substituta. Os desvios de função são cotidianos: uma A.P.I. pode se desdobrar praticamente a uma Auxiliar de serviços gerais, acabam por ser desviadas para limpeza, para atribuições de merendeira, professora, escriturária, e até mesmo de diretora, já que a norma determina que na ausência de professor, a Auxiliar jamais deveria assumir tais responsabilidades, e quem as deveria tomar seria a Diretora, nestes "casos excepcionais", mas mexe demasiadamente com o ego de chefia retornar ao "medíocre" espaço da sala de aula quando a poltrona da direção aparenta ser mais confortável.
  E pra salientar o, ao que me parece, mais agressivo ataque, dentre centenas encontrados no dia-a-dia dos profissionais da educação (aqui impossíveis de ser escalados), a A.P.I. concursada ou contratada a partir da expansão dos quadros de 2008 tem que conviver e se adaptar a um absurdo, que no argumento mais conservador, é inconstitucional. A mesma categoria, antes e pós 2008, separada por uma discrepância salarial criminosa. As concursadas antes de 2008 ganham o mesmo salário trabalhando 36h semanais, e as concursadas e contratadas após 2008 recebem este valor por 44h semanais, provocando uma desleal divisão de classe, atentando contra os direitos democráticos destas profissionais e impondo o mais sem-vergonha argumento de que "se você se sujeitou ao edital, dançou!", deve se calar e trabalhar com a mesma disposição e motivação, e jamais blasfemar contra o maravilhoso e tradicional governo de direita que lhe proporcionou essa vaga. Faz parte, também, dos mandamentos do setor público de São Caetano jamais questionar as trocas de favores e fraudes em concursos públicos, e não se deve jamais espantar- se ao ouvir em seus primeiros dias de posse, a pergunta: "quem te colocou aqui dentro?".
  Ah meus caros, se eu fosse elencar aqui todos as contradições nas quais os funcionários públicos de São Caetano se deparam em seu cotidiano (sendo, este, meu também!), tendo de conviver com o hipócrita discurso de cidade dos sonhos, despenderíamos muito de nossa saliva. Mas ainda assim, estes problemas devem sair do silêncio, devem ser debatidos. A comunidade São Caetanense deve superar este histórico clientelismo, e estagnação das lutas trabalhista. Basta à adaptação!

OS BELOS NÚMEROS E PESQUISAS REIVINDICADOS POR VOCÊS A CADA ELEIÇÃO SOMOS NÓS QUEM FAZEMOS. ENTÃO DÊ-NOS O QUE É NOSSO SE NÃO QUISEREM SER PRIVADOS DE SUA FONTE DE PROPAGANDA BARATA PARA LUDIBRIAR A POPULAÇÃO DA "CIDADE DOS SONHOS"!

Por: Bianca (Bia ALOYÁ), Auxiliar de Primeira Infância da rede de São Caetano do Sul



Contribuam com a luta:
*Se você também está no orkut venha conhecer a realidade dos trabalhadores de São Caetano do Sul e contribua na expansão deste debate!
Link comunidade: Paga eu, Auricchio!
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=118809785


(((d[°_°]b)))Curtindo Rádio Máquina Musical com DJ Alexandre
http://radiomaquinamusical1.listen2myradio.com/

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Versos empoeirados

"Do pequeno ao gigante,
 Do carvão ao diamante,
 Do negativo estagnado,
 Ao positivo operante!"

Eduardo

domingo, 11 de setembro de 2011

Pra reabrir os trabalhos...


Fevereiro de 2008! São quase 4 anos ser postar um verso sequer...
Tanta coisa, tanta história, tanta vida vivida nesse "recesso" poético que hoje, essa que vos fala, que já foi Ativa-Mente, La Troska, (...) se apresenta como Aloyá na simples tentativa de representar uma nova Bia. Mas ainda que possa sugerir, este "nome" não se propõe um mero tópico a se agregar à vasta lista de apelidos, mas sim um marco de um período intenso, agitado, que forjou uma nova poeta, uma nova mulher. Diferente dos outros nomes que definiam uma referência a determinada etapa de minha militância, minhas perspectivas políticas e sociais, Aloyá vem resgatar um sentido infinitamente mais abrangente, e nem por isso, como muitos irão supor, menos politizado.
As contradições, opressões e explorações do sistema dividido em classes tem a brutal capacidade de se engendrar em cada forma de expressão de nossa vida, nos segmentos mais íntimos, mais subjetivos, sem causar prejuízo algum a sua investida categórica as condições materiais da vida de um@ proletári@. Lamento, até certo ponto, ter partilhado lutas com troskos, anarquistas, reformistas, etc etc, que conhecem esse discurso apenas em seus estudos, em suas burocráticas reuniões/congressos/documentos de delineamento de conjunturas e realidades tão distantes a massacrante maioria deles.
A vida (leia-se aqui o modo de produção capitalista e outras tantas coisas que manipulam nossa trajetória que vão muito além de nosso entendimento) me trouxe tão novas sensações, pelas quais me emociono em recordar; sentir-se traída, só, sentir-se sem lar, sem referências, não saber pra onde ir, perder tudo, tudo! A suada vaga que a proletária conquistou na elitizada e excludente universidade pública, perder seu teto, perder cada móvel de sua casa (inclusive suas panelas), seu fusca rs, seu fusca! Afundar, afundar e não ver sequer uma mão amiga tentando te puxar de volta, Dói, dói! Lágrimas me correm o rosto.
Mas posso olhar tudo isso de outro ângulo agora, graças a cada toque de atabaque que tomou minha vida, que a tomou para si e se deu a tarefa de mudar, mudar no sentido mais estrito da palavra, graças a cada pessoa de carne e osso os quais estes colocaram em meu caminho e revolucionaram, tudo. Graças a minha única opção, ter peito e ser mulher!
São 22 anos que me proporcionaram muita bagagem, e que me permitem olhar pra tudo isso e ver que foi necessária cada queda, frustração, para ser quem eu sou. A jovem anarquista, que se apaixonou desenfreadamente pelo HipHop, que buscou em cada verso/parágrafo ser um instrumento de denúncia das injustiças sofridas por suas raízes/referências, a garota que gritou em alto e bom som que estava disposta a se opor a pessoas que amava para lutar pelo que acreditava, que brigou por cada ponto de um maldito filtro elitista (vestibular) pra conhecer as Ciências Sociais e através delas ter a inocente ilusão de entender o porque de tudo aquilo que a cercava, que ao não encontrar a resposta nas estruturas burocráticas da academia foi pras ruas, cerrar os punhos e exigir revolução, que se frustrou com as demagogias e hipocrisias de um movimento viciado e se perdeu, se perdeu! Uma cigana, que não mediu consequências, a não ser a de não recuar em hipótese alguma, para encontrar respostas. E assim foi, de Rio Preto para Araraquara, de Araraquara para Santo André, de Santo André para amada Zona Leste da selva de pedra, Sampa!
As respostas? Continuo as procurando, talvez morra nessa missão, mas não nas mesmas condições, o mundo me criou, me engordou! rs. Tantas mentiras, tantas traições, tantas rasteiras, me transformaram nisso, uma pessimista mais feliz, a qual cria expectativas concretas nas piores hipóteses e não se surpreende, que sonha apenas em cima de números, fatos, convicções, as quais, por mais que não se delineiem por completo no meu horizonte, me dão condições de acreditar, e ainda que se façam de forma diferente de minha pretensa intuição, não me assustarão mais, pois conheci a arte do plano B, C, D,...,alfa, beta, gama,...
Aquela "mina sangue nu zóio" ainda está aqui, combativa, classista, comunista, feminista, ...só que agora mais forte, mais madura (vide ressonâncias magnéticas com hernias de disco rsrs), mais feliz, mais completa.
Agradeço a cada um que faz parte dessa história, desde dos que prevaleceram até os que chegaram para somar, esse texto é uma humilde tentativa de homenagear cada um de vocês:
Dona Márcia, Sr. Deocleciano, Nathália, Laís, Elenir, Taís, Lara Pyetra, Eduardo, Dona Lúcia, Alexandra, Marjorie, Sr. Edvaldo, à uz dos guias e ao axé dos Orixás dessa casa e à Nossa Senhora né mãe? rs... Amo verdadeiramente cada um de vocês

Aos que vêm conhecer a bonança que gozo nesses iluminados dias, após tanta tempestade, fica o convite de conhecer toda a trajetória traçada até aqui, resumidamente registrada nos versos/parágrafos das antigas postagens. Perdi tudo, inclusive a poesia, mas estou reconstruindo tudo, e a poesia não ficará de fora!
Sejam bem-vindos, novamente rs.


(((d[°_°]b))) Ouvindo Balanço Rap na 105FM

sábado, 2 de fevereiro de 2008


O Brado

Oxalá meu pai,
Não agem mais pelas emoções
Oxalá meu pai,
Apenas pousam para as televisões
Posturas assumidas de marionetes sem vida
Maquiam-se de falsa ideologia
Embriagados pela música vazia
Demagogia!
Estão cercados por Dragões, Oyá
E suas brasas definham o que não se pode comprar
A Honra e a Verdade do falar
Erguerão-se e bradarão os povos de bem por eles enfeitiçados:
Em minha nação, minha morada, minha crença não serão mais hospedados
E pelos Dragões serão impiedosamente devorados
Pois não soubestes admirar a grandeza e dignidade de meu ser
E agora agoniza em cada amanhecer
A luz que irradiavam não era gerada por sua competência e sabedoria
Num estalo torna-se fraca e serena permitindo que vejam a ironia
Era a chama dos Dragões que iludiu e não mais ludibria
Mas minha alma é abençoada pelos Orixás, isso trago em meu semblante
Meu sangue ferve a cada luta decepcionante
E me impulsiona para os combates exaustivos
Da busca pelo amor, respeito e justiça, em meu peito ainda mais altivos!

sábado, 10 de fevereiro de 2007

A chama

No meio do caos da manifestação
Monstros aparecem através da multidão
Metade homem metade cavalo
Carregando em punho, o fim da vida em um estalo
Ideologias, gritos, choros
Os animais levam consigo a repressão em seu couro
Uma bala corta a atmosfera densa
E se crava no corpo daquele, que pela liberdade lutava
[em sua face mais intensa.
O sangue se entrelaça pelas garras da ditadura
Edson que bradava por justiça, agora murmura
A escuridão no peito de todos profetiza seu judaico jubileu
Mas sobre ele pairou sua alma
Partiu-se, e ao coração dos que lá estavam levou calma
Pois a chama que dentro de todos havia
Não se apagara
Pelo contrário
Mais forte ardia!
Os jovens estenderam o corpo vazio sobre suas cabeças
Levaram-no como se fosse uma lamparina
Iluminando o caminho daqueles que agora sentiam, dentro de si
[a chama brilhar ainda mais acesa.

sábado, 25 de novembro de 2006

Todos Bastardos...

Nascidos do grito do crioulo açoitado
Abortados pelos mensageiros da civilização
Eternizados pela força de Zumbi
Nosso passado subjugado
Por um presente que nos promete
Um futuro de eternos colonos
Mãe África chora
Chora por seus filhos bastardos
Ingratos
Que tiveram os olhos cobertos
Pela nuvem do vazio torpor obsessivo do novo mundo
Que desconhecem a resistência de Dandara
Que se humilham pela albina imposição cultural
Que desdenham o axé transmitido pelos tambores
Que menosprezam o candomblé de Iansã e Iemanjá.
Uma nação que não é nação
De raízes atrofiadas
E veias saturadas do cotidiano medíocre
De um povo sem referências
Perdido em meio à hipocrisia
E a heresia?
É o cultivar da essência
E o florescer da negra consciência...